Ontem foi o lançamento do I Festival de Música da Paraíba. Um acontecimento que já começa a gerar expectativas nos quatro cantos do Estado. Todas as informações e dúvidas podem ser tiradas diretamente no site www.festivaldemusica.p.gov.br. Coincidentemente, ontem foi também o aniversário de um dos mais expressivos artistas deste país e um ícone dos grandes festivais. Muito especialmente os históricos festivais da TV Record. Falo de Geraldo Vandré, autor de uma obra belíssima que vai muito além da badaladíssima Pra não dizer que não falei das flores e Disparada.

Um festival desse porte não é apenas uma competição. Se for verdade que existem vencedores, também é verdade que não existem perdedores num evento desta dimensão. Todos ganham. Mesmo com a oportunidade de tocar apenas na eliminatória. Por exemplo, uma das músicas mais badaladas da MPB, “Mama África”, do querido Chico Cesar, disputou vários festivais e não ganhou nenhum. Em alguns sequer foi classificada. Mas, vejam a dimensão que esta música tomou, não apenas no Brasil, mas no mundo. Portanto, não se trata de julgar os melhores, mas de dar visibilidade para a cena atual.

No caso do I Festival de Música da Paraíba podemos dizer que outra festa estará montada nas redes sociais. Todas as músicas ficarão disponíveis para serem baixadas no site. O que poderá gerar um processo paralelo, independentemente do que possam decidir os jurados. O festival veio para premiar a gloriosa tradição musical da Paraíba. No entanto, veio também colher os frutos de um dos momentos de maior efervescência na música da Paraíba. Para celebrar as tradições populares da nossa música, o festival faz homenagem à recém falecida Zabé da Loca (foto).

São muitos os jovens autores que começam a encantar plateias na rede alternativa de espaços culturais que apareceram nos últimos tempos, seja em Campina Grande com o famoso bar do Tenebra, seja em João Pessoa com a General Store, Budega Arte-Café, Espaço Mundo, Vila do Porto e Café da Usina entre outros. Em Patos, temos o Café Centenário sempre apresentando música brasileira de qualidade. Enfim, estamos num bom momento. Um caldeirão fervendo de belas canções e de transgressões necessárias aos processos criativos deste século XXI. É o que se vê por aí.

Entretanto precisamos reconhecer que fatos como este possuem um nascedouro. Alguém pensou primeiro. No caso, a ideia inicial partiu da querida Duda Santos, superintendente da Rádio Tabajara. Ela procurou o governador que aprovou a ideia e, com sua capacidade de articulação, Duda reuniu em torno de si os parceiros necessários para a execução do projeto. A partir de então, tudo foi pensado coletivamente e planejado para que a repercussão permita o crescimento de uma ação cultural que traz, sobretudo, a marca tradicional da Rádio Tabajara.

Os tempos são obscuros. Mas os festivais são marcas da democracia. Certamente, bem mais que apenas um festival de música, estamos construindo um processo bastante vigoroso e que certamente deverá gerar resultados positivos para muitos artistas, mas sobretudo para solidificar o lugar da Paraíba na cultura brasileira. Terra de gênios como Jackson do Pandeiro e Sivuca, de artistas com a popularidade de um Zé Ramalho ou de uma Elba Ramalho, a Paraíba está pronta para entregar ao Brasil mais uma leva de grandes artistas. Eles e elas estão por aí. Não espere pelo Festival. Prestigie a música da Paraíba.