O Governo Federal quer marcar, na noite desta quarta-feira (6), a votação da reforma da Previdência para o próximo terça-feira (12). Mais cedo, o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu cerca de 20 deputados em café no Palácio do Alvorada, onde também fará um jantar com a base aliada. Temer foi orientado a bater o martelo sobre pautar a votação, mesmo sem os 308 votos necessários.

O Planalto tem, hoje, cerca de 260 votos, segundo o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. Ele ainda defende que no jantar, mais tarde, o governo contabilizará aproximadamente 290 votos e decidirá, assim, pautar a votação da reforça da Previdência em plenário para a próxima terça-feira. Como a mudança nas aposentadorias é uma emenda constitucional, são necessários 308 votos de deputados para que a tramitação prossiga. Após dois turnos no plenário da Câmara, a proposta segue ao Senado.

Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder da sigla na Casa, tem a mesma avaliação de Mansur: no jantar – em que também estarão presidentes dos partidos -, o governo decidirá levar a reforma previdenciária a voto no pleno. “Votaremos na terça-feira”, declarou o peemedebista, que estima haver de 120 a 150 deputados indecisos com a matéria. “Governo forte com caneta na mão não perde”, emendou.

De acordo com auxiliares, o presidente Michel Temer foi orientado a marcar a votação mesmo sem os 308 votos na conta. A avaliação é que esta quarta-feira é o “dia decisivo” para convencer os parlamentares, e que a definição da data seria um sinal importante de que a reforma está ganhando força. Portanto, mesmo com um cronograma fechado, o governo ainda terá de sair à cata de votos.

“Estamos no melhor momento desde que se iniciou a reforma”, declarou o relator da matéria, Arthur Maia (PPS-BA). Contudo, ele ponderou que mudanças ainda podem ser feitas, e não quis comentar data para levar a emenda ao plenário. “Quem define é o plenário”, disse.

Outro vice-líder do governo, Carlos Marun (PMDB-MS) afirma que o governo necessita de 40 votos para aprovar a reforma da Previdência na Câmara. “Foi uma reunião de avaliação, estamos no caminho certo. Eu sou otimista, acho que faltam só em torno de 40 votos a serem conquistados”, afirmou.

Alguns partidos discutem se fecharão questão sobre a reforma, obrigando todos os seus parlamentares a seguirem essa orientação. É o caso do PSDB, que bate nesta quarta o martelo sobre isso, mas tende a não fechar questão. Marun disse que ainda que os tucanos não fechem questão, acredita que mais de 80% da bancada votará a favor da reforma. O PSDB tucana tem 46 deputados e rachou ao meio quando das votações das denúncias contra Temer, ambas arquivadas.

“Contaremos com o apoio mais do que majoritário do PSDB, acho que de mais de 80% da bancada. É isso que a gente espera, haja vista que a reforma da Previdência é uma questão partidárias para o PSDB”, avaliou Marun.

A preocupação manifestada durante o café da manhã foi quanto às bancadas do PR e do PSD. Os dois partidos devem fazer reuniões para discutir o tema nesta quarta-feira. O PMDB confirmará ainda hoje que fechará questão.

Kassab: não haverá punição

Gilberto Kassab (PSD), ministro da Ciência e Tecnologia, não disse se sua sigla fechará questão pela reforma – quando o partido obriga votos e pode até expulsar rebeldes. Contudo, aventou um fechamento de questão “sem punição”, fugindo da praxe.

“Não haverá punição. Você define as premissas de fechamento de questão”, afirmou, ressaltando que a legenda tem “tradição de respeitar a bancada”. Dos 38 quadros do PSD na Câmara, Kassab conta ter 15 a favor, dez indecisos mas com “probabilidade bastante grande” de votar sim. Os outros 13 seriam contrários. O PSD também é o partido do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Numa democracia, o respeito dentro do partido também é muito importante”, emendou Kassab. As informações são de O Globo.