Sertão: Reservatórios em estado crítico e deputados visitam obras de adutora

O abastecimento de água em Cajazeiras poderá entrar em colapso dentro de 90 dias caso as chuvas não sejam suficientes para aumentar o volume do açude de Engenheiro Ávidos. A produção de coco no perímetro irrigado de São Gonçalo, em Sousa,  foi drasticamente reduzida e cerca de 2 mil pessoas estão sem trabalho porque não há água para irrigar a plantação. De uma produção que enchia 10 caminhões/dia, atualmente, apenas três caminhões por semana saem carregados com coco da região.

A falta de água também afeta a pesca da região. Antes, a média de peixe era de 70 kg por semana. Atualmente, esse volume baixou para 4 kg. Esses são alguns dados que vão compor um relatório que será elaborado pela Frente Parlamentar da Água, que esteve, nesta sexta-feira (20) e sábado (21) realizando visitas as obras da transposição do Rio São Francisco, a reservatórios de água da região e promoveu duas audiências públicas.

“Encerro essas visitas e as duas audiências muito preocupado com a situação causada pela falta de chuvas e a repercussão que isso causa sob vários aspectos na vida das pessoas”, desabafa o presidente da Frente Parlamentar da Água, Jeová Campos. Ele lembra que esse é o pior momento, dos últimos 80 anos,  no que diz respeito à disponibilidade de recursos hídricos na região e que as pessoas precisam se reeducar em relação ao uso racional da água. “A população precisa acordar para o consumo consciente desse bem tão preciso e que hoje está escasso”, destaca o parlamentar.

Segundo depoimentos durante a audiência deste sábado, que contou com a participação do prefeito, André Gadelha, a cidade só tem água para consumo por mais 50 dias. Neste sentido, a barragem do Pintado que está sendo construída pelo Governo do Estado, e que vai trazer água de Coremas para Sousa, será a solução para esse iminente colapso. “Vamos pedir informações  sobre o andamento da obra ao governo do estado e ainda mais  celeridade na conclusão da mesma dada a urgência da situação”, destaca Jeová Campos.

O pescador Márcio Jr, que tirava seu sustento do Rio São Gonçalo está desolado. “A gente pescava de 70 a 80 kg de Tucunaré, Tilápia e outros peixes e hoje só conseguimos uma média de 3 a 4k por semana. Não dá para sobreviver assim. Ou chove para o rio voltar ao normal ou não sei o que será de nós”, disse o pescador.

Para o deputado Jeová Campos, as audiências públicas cumpriram seu objetivo que era levantar a problemática da escassez dos recursos hídricos, e a partir daí definir as ações da Frente. “A falta de chuvas que deixou os reservatórios em nível crítico é preocupante, por isso é necessário acelerar o ritmo das obras que trarão alento para essa situação. Como parlamentares não temos os recursos para execução dessas ações, mas, temos força política para cobrar que elas sejam agilizadas tanto em nível local, nas obras de construção e revitalização de reservatórios e adutoras, que estão sendo executadas pelo governo Ricardo Coutinho, como em nível nacional, em relação as obras da transposição do Rio São Francisco e é isso que nós vamos fazer com a Frente Parlamentar da Água”, finalizou Jeová.

Além do presidente da Frente, participaram da audiência em Sousa e da visita a adutora de Pintado, os deputados Renato Gadelha, Frei Anastácio, Janduhy Carneiro, Lindolfo Pires e Galego de Sousa. A audiência foi realizada no auditório da UFCG, Campus Sousa e foi bastante prestigiada pela população.