Romeu e Julieta em ‘cearês’ no Ponto de Cem Réis hoje

Romeu era um ‘macho’ de Verona que tava ‘fumando uma quenga’ na vida quando conheceu a donzela Julieta e pelo seu amor se meteu em uma ‘baitinga’ danada. Esta é a irreverente história de Romeu e Julieta: Encontro de Shakespeare e a Cultura Popular, espetáculo do Instituto Garajal de Arte e Cultura Popular que leva um pouco do ‘cearês’ para a 4ª etapa do Palco Giratório, hoje, em João Pessoa. A apresentação do espetáculo começa às 17h, no Ponto de Cem Réis. O acesso é gratuito.

A adaptação da tragédia de Shakespeare (1564-1616) escrita por Victor Augusto foi feita com um glossário de gírias cearenses como o autoexplicativo ‘macho’ ou ‘baitinga’ (no ‘paraibês’, algo como ‘esculhambação’), além de expressões como ‘fumando uma quenga’ (‘estar de mal com a vida’), típicas de cidades como Maracanaú (a 18 quilômetros de Fortaleza), onde o Garajal foi fundado há mais de 10 anos.

“A gente não esperava tanto retorno do público em outros estados”, afirma o ator Henrique Rosa, que temia que o texto da peça não fosse compreendido além das divisas do Ceará. “Mas o público acompanha as piadas e quando não sabe o que quer dizer a palavra vem nos perguntar ao final do espetáculo.”

Além de inserir o sotaque local ao texto, o grupo também fez um paralelo entre a tragédia vitoriana e a cultura popular nordestina. Os diretores Mario Jorge Maninho e Diego Mesquita escolheram encenar o embate entre os Montecchio e os Capuleto como uma grande Folia de Reis, com mestre, coro e palhaços.

“A gente tinha esse desejo de montar um espetáculo que sintetizasse tudo o que a gente vinha fazendo: que misturasse teatro de rua, dança popular e circo”, explica Rosa, que interpreta vários dos personagens da peça, cujos vários papéis são alternados entre os nove atores e os músicos Lu Nunes e Flávio Cavalcante.

Colaboração Jornal da Paraíba