O governador Ricardo Coutinho entregou, na tarde desta sexta-feira (14), um equipamento de Doppler Transcraniano para atender a demanda do Serviço de assistência à saúde de pacientes pediátricos portadores de doença falciforme do Complexo de Pediatria Arlinda Marques. O aparelho representa um investimento de R$ 254 mil em convênio com o Governo Federal e faz parte de uma série de ações que contribuem para a redução da mortalidade e melhoria da qualidade de vida do doente falciforme.

O Doppler Transcraniano beneficiará crianças e adolescentes com doença falciforme de todo Estado cadastradas no Programa de Triagem Neonatal e/ou referenciadas para o Arlinda Marques. O Hospital sofreu uma adequação da Linha de Cuidado à pessoa com doença falciforme e passou a ter uma equipe multiprofissional de referência para esse atendimento composta por assistente social, bioquímico, enfermeira, farmacêutico, fisioterapeuta, médica hematologista, pediatras e outros profissionais que realizam atendimento específico toda quarta-feira no turno da manhã.

Na ocasião, o governador Ricardo Coutinho visitou algumas dependências do Arlinda Marques e fez a entrega do equipamento, ressaltando que ele é o primeiro disponibilizado na rede pública de saúde do Estado. “O Governo está entregando hoje o único Doppler Transcraniano do Estado na rede pública, isso é fundamental porque ele tem a capacidade de prevenir, inclusive, ocorrências de Acidente Vascular Cerebral em crianças e adolescentes, algo que se apresenta muito na população que tem anemia falciforme. Essa doença acomete muito a população negra no país e essa é mais uma ação que estamos fazendo dentro da política pública para a população negra na Paraíba. Esse equipamento vai prevenir e diagnosticar melhor os eventos dentro da área de saúde que atingem uma parcela importante da nossa sociedade”, ressaltou.

Além da importância da utilização para a doença falciforme, o equipamento também poderá ser aplicado para o monitoramento ou detecção de vaso-espasmos, aneurismas, estenoses, placa arterial, ataque isquêmico transiente, diagnóstico de morte encefálica (cerebral), entre outros.

O Doppler Transcraniano é portátil e realiza exame de ultrassom que mede a velocidade do sangue nas principais artérias do órgão, um exame simples e indolor, feito em ambulatório, que mostra, em tempo real, quais crianças têm maior risco de desenvolverem Acidente Vascular Encefálico (AVE) antes do primeiro derrame, o que permite um tratamento preventivo com o objetivo de evitar esta complicação. A indicação é que o exame seja realizado a partir dos dois ou três anos de idade e, ao menos uma vez ao ano, nos pacientes com doença falciforme. Estudos mostram que AVE em crianças falcêmicas pode ser até 280 vezes mais frequente do que na população pediátrica comum.

“Contar com este serviço aqui no Arlinda Marques é fundamental. Esse equipamento vai fazer com que a gente complemente o diagnóstico por imagem dentro do programa da anemia falciforme que atende crianças e adolescentes neste hospital. Há uma atuação de uma equipe multiprofissional que faz o atendimento e com este Doppler Transcraniano será possível o diagnóstico precoce de complicações encefálicas, já que a pessoa com doença falciforme tem um risco muito maior de ter AVE. A partir da próxima semana, o equipamento já estará funcionando e com o prévio diagnóstico poderemos fazer uma intervenção também precoce, favorecendo assim o paciente”, frisou a secretária de Saúde, Cláudia Veras.

De acordo com o diretor geral da unidade, Cláudio Regis, de imediato há 36 crianças com indicação para o exame com o novo equipamento, mas todos aqueles que entrarem no perfil para atendimento serão agendados. “O equipamento é importantíssimo, ele pode representar a diferença entre ter uma criança com sequela motora devido um AVE ou não. Por isso, a prevenção por meio do uso do Doppler Transcraniano é muito relevante, o exame é feito em cerca de 30 minutos e tem resultado também bastante rápido. Todos aqueles que estejam entre 2 e 16 anos e se enquadrem no perfil terão atendimento no serviço especializado e farão o exame”, afirmou.

A coordenadora da Associação Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias, Dinacy Tenório, comentou que a chegada do equipamento vai prevenir que muitas crianças sofram com as consequências do AVC. “A associação existe há mais de 15 anos e já vi muitas mães e crianças sofrendo com as sequelas do AVC. Mas agora estamos felizes porque este equipamento irá fazer um diagnóstico mais rápido, possibilitando a prevenção do AVC nas crianças e adolescentes com anemia falciforme”, disse.

Doença Falciforme – É uma das doenças genéticas e hereditárias mais comuns no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. É causada por uma modificação no gene (DNA) que, em vez de produzir a hemoglobina A, de adulto, produz em seu lugar outra hemoglobina diferente chamada S. A hemoglobina S faz com que as hemácias adquiram a forma de foice (falcizadas) em ambiente de baixa oxigenação, não exercendo a função de oxigenar o corpo de modo satisfatório. As hemácias falcizadas têm dificuldades de circular na corrente sanguínea e podem provocar obstrução vascular. A Doença Falciforme está dispersa na população de forma heterogênea, com prevalência mais alta nos estados com maior concentração de afrodescendentes. Para os recém-nascidos o diagnóstico da Doença Falciforme deve ser realizado por meio do Teste do Pezinho.