Você viu? Promotor diz que Joás foi subserviente a empresário e pede: “entregue a toga”

O promotor de Justiça do Ministério Público Marinho Mendes publicou artigo em que lamenta o atropelamento do agente da Operação Lei Seca, Diogo Nascimento de Souza, de 34 anos, que faleceu na tarde deste domingo, por morte encefálica. Diogo foi atropelado por um Porsche de cor branca, conduzido por Rodolpho Gonçalves Carlos.

 

Leia texto na íntegra: 

Estava eu ainda dormindo quando fui avisado do acidente terrível que quase levava a vida de um agente de trânsito, o qual estava em uma blitz da lei seca, isto por um motorista que guiava um automóvel caríssimo e é ligado a um sobrenome poderoso do Estado.

Mais tarde, fui ao Fórum de Mangabeira, onde estava de plantão e lá chegou a comunicação do flagrante delito e escrevemos sete páginas opinando pela decretação da prisão temporária, pelo prazo de 30 dias para o criminoso atropelador, mas já sentindo a presença de alguns advogados falando em apresentação do matador, todavia, tínhamos uma verdadeira Juíza de Direito no comando do plantão e o nosso parecer foi aprovado com a decretação da prisão do matador ou quase.

O pior de tudo, que uma autoridade que não tem tempo para nada, foi despachar pela madrugada a liberação desse matador do volante, às três horas da manhã. Olha eu sou da Justiça, sou Promotor de Justiça e aposto que um Desembargador acorde essas horas para atender uma pessoa do povo, nunca, Eu mesmo tenho provas disto e mais, experiência com o desembargador prolator da decisão.

A uns dois anos um amigo meu teve um desentendimento com a esposa, e ela mesma me procurou dizendo que já tava tudo bem e queria seu marido solto. Um habeas-corpus tinha sido impetrado no Tribunal e o Desembargador que soltou o dono do carro caro e membro de família abastada às 03h00 da madrugada era o titular e o mesmo negou, mesmo diante do choro daquela mãe que já passava necessidades, em razão do marido encontrar-se preso á dois meses e ter duas mocinhas para alimentar.

O certo é que o Desembargador negou o pedido, porém, dois dias depois, em audiência, o Juiz de Cabedelo decretava a soltura do réu, um homem de bem, apesar de ser um serralheiro, que não é dono desses carros e nem pertence a uma família poderosa do nosso Estado. Eu dei logo o meu parecer, pois duvido que um rico faria dar um parecer a favor de um atropelador perigoso e covarde, tão covarde que foi embora deixando a pobre vítima a sofrer quase morta.

Dr. Desembragador, a Justiça está em crise, pois as pessoas não acreditam e com razão mais nela, pois se fosse o filho de um pobre, de uma pessoa comum o Senhor nunca teria se acordado às 03h00 da madrugada para soltá-lo não, e isto quem paga é a instituição, que por estas e outras vai ficando sem fé senhor, pois quem manda é o dinheiro, somente o dinheiro e o poder, e o senhor mereceria uma saraivada de agressões, mas não o fazemos porque sabemos que o respeito à pessoa é o que deve nos orientar sempre. Mas dessa vez, eu choro triste e só me resta me solidarizar com essa família, cujo filho estava prestando um serviço à comunidade, E o senhor, quero lhe pedir uma coisa: Entregue essa toga, pois o que é moral e ético deixou de existir em sua profissão, ao praticar um ato covarde e para atender uma família rica, isto faz engasgar de nojo quem é direito e sofre tentando fazer justiça.
MARINHO Mendes Machado