Presidida por paraibano, CPI da Petrobras pode ser prorrogada na Câmara Federal

Pelo menos 20 deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras assinaram o pedido de prorrogação dos trabalhos do colegiado, segundo o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). A estratégia adotada, na reta final da comissão, que tem prazo para concluir os trabalhos na próxima sexta-feira (23), será convencer líderes para que esta prorrogação seja votada em plenário.

Para isto, é necessário que 257 deputados, ou, segundo Valente, de líderes que representem esse volume de parlamentares, assinem o requerimento de urgência para que vá à votação. “(O número de assinaturas) já mostra que a CPI tem maioria e que quer continuar, inclusive o presidente (Hugo Motta (PMDB-PB)”, disse.

Segundo ele, se conseguir a prorrogação da comissão até março, o esforço será direcionado para “ouvir muita gente, quebrar sigilos e fazer acareações que não foram feitas. Vamos fazer chamada de políticos citados. Todos citados deveriam ter se apresentado. Era a chance de defesa deles. Os pedidos de convocação estão lá [na CPI], foram impedidos de serem votados”, criticou.

Para Valente, o cenário seria diferente por “pressões políticas” em razão das novas denúncias, envolvendo inclusive o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Valente disse que se não conseguirem assinaturas suficientes, o PSOL e outras legendas estão preparando um relatório paralelo com destaques ao texto do relator Luiz Sérgio (PT-SP).

O parecer foi entregue ontem (19) sem propor o indiciamento de nenhum dos parlamentares citados nas investigações da Operação Lava Jato. O relator sugeriu 30 recomendações destinadas a prevenir casos de corrupção nas seguintes empresas, órgãos ou instituições: Petrobras, Procuradoria-Geral da República, Justiça Federal, Polícia Federal e Ministério de Minas e Energia.

O texto, que será votado na próxima quinta-feira (22), véspera do prazo de encerramento da CPI, apenas propõe o indiciamento de pessoas já condenadas em primeira instância, indiciadas e denunciadas na Operação Lava Jato. O presidente do colegiado, Hugo Motta (PMDB-PB) não considerou o resultado ruim e argumentou que faltaram instrumentos para as investigações. Para ele, o colegiado conseguiu fazer análise do cenário político envolvendo as denúncias.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), lembrou que a CPI teve o prazo prorrogado por duas vezes. Aberta em fevereiro deste ano, o colegiado encerrou os trabalhos sem ouvir parlamentares citados no esquema de corrupção e pagamento de propina na Petrobras. O único a falar na comissão foi Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que compareceu espontaneamente. Esta foi uma das principais motivações para a formulação de votos em separado para alterar o resultado dos trabalhos da comissão. Mas, para Guimarães, o relatório apresentado é “bastante consistente”.

Segundo ele, cabe agora à comissão decidir se vota contra ou a favor do relatório. “Oposição quer sempre palco. Não tem mais o que fazer”, avaliou. Guimarães que participou durante a manhã de reunião de líderes aliados com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Ricardo Berzoini, reforçou que as palavras de ordem são diálogo e cautela. Segundo ele, o objetivo da base aliada é destravar a pauta da Casa e “baixar a temperatura”, referindo-se ao impasse político criado com expectativas em torno de pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff e o processo contra Cunha que está no Conselho de Ética.

“Impeachment e Cunha não são assuntos de governo. Estamos tomando providências para que esta pauta negativa da oposição não contamine a pauta positiva que são as questões relacionadas com a economia. O ambiente político [permite] construir um diálogo. Num momento como este todo mundo tem que sentar à mesa”, explicou.