Porque Cartaxo, o Luciano, está fora do jogo eleitoral de 2018

Reeleito prefeito de João Pessoa em 2016, Luciano Cartaxo caminhava a passos largos na tentativa de consolidar seu projeto de entrar pela porta da frente do Palácio da Redenção em 2018. Sonhava em refazer o mesmo trajeto trilhado por Ricardo Coutinho, que depois de se reeleger prefeito da Capital em 2008, deixou o cargo para concorrer e vencer a disputa pelo Governo do Estado em 2010, desbancando à época todo o favoritismo do então governador José Maranhão.

Os acontecimentos registrados nos últimos dias, no entanto, obrigaram o prefeito a refazer seus planos. Primeiro veio à tona a Operação Irerês, desencadeada pela Polícia Federal com o objetivo de mostrar toda a verdade encoberta pelas toneladas de lama que a propaganda da Prefeitura de João Pessoa diz ter retirado da Lagoa.

Em seguida, para piorar a situação do prefeito, as investigações que estão em curso pela Polícia Federal se tornaram públicas, depois que a Justiça determinou a quebra do sigilo dos inquéritos que já comprovaram até aqui um superfaturamento superior a R$ 6 milhões na obra da Lagoa.

E, apesar da negativa da prefeitura e do silêncio de boa parte da imprensa, as revelações das provas produzidas pela PF caíram como uma bomba nas pretensões eleitorais de Cartaxo. As más notícias para o prefeito de João Pessoa, entretanto, não cessaram com a Operação Irerês.

Para agravar o cenário desfavorável a Cartaxo, a até então silenciosa queda de braço entre ele e o prefeito Romero Rodrigues chegou à imprensa, ao ponto de o senador Cássio Cunha Lima, principal avalista da aliança PSDB-PSD em 2016, precisar entrar em cena para propor uma trégua midiática entre os prefeitos das duas maiores cidades da Paraíba.

O problema, porém, é que Romero está cada vez mais decidido a entrar na disputa pelo Governo do Estado em 2018. De posse de pesquisas – juram aliados do tucano, o prefeito de Campina Grande tem dito a quem quiser escutar que só sairá do páreo se o candidato do seu grupo político for Cássio.

Por fim e não menos importante, pesa contra Cartaxo o fato de não dispor de um vice de sua confiança. Ou alguém em sã consciência é capaz de afirmar que Manoel Júnior ficaria com o alcaide da Capital em uma eventual disputa entre as ‘repúblicas’ de João Pessoa (Cartaxo) e Campina Grande (Cássio ou Romero)?

Sendo assim, diante da maré adversa em que se encontra mergulhado, o prefeito Luciano Cartaxo tende a cumprir seu mandato até o final de 2020 e escalar seu irmão gêmeo, Lucélio, para entrar no jogo eleitoral do próximo ano.

Rápidas & Diretas

– O prefeito Luciano Cartaxo preferiu se isolar no luxuoso condomínio onde reside para ‘curtir’ os festejos juninos deste ano.

– Curiosamente, o condomínio em que o prefeito de João Pessoa mora hoje foi erguido no local onde no passado se chamava Fazenda Boi Só.

– Circula nos bastidores a informação de que um político paraibano contratou recentemente os serviços de um renomado psicólogo de São Paulo.

– Já o jornalista Suetoni Souto Maior revelou em seu conceituado blog que o governador Ricardo Coutinho já comunicou a Lígia Feliciano que cumprirá seu mandato até o final.

– O deputado Gervásio Maia tem demonstrado disposição em alçar voos mais altos em 2018. O atual presidente da ALPB foi disparado o político que mais visitou festas juninas até agora.

– Com o aval do prefeito Romero, a Secretaria de Comunicação de Campina Grande tem intensificado nos últimos dias os contatos com a imprensa de João Pessoa.

– A queda do sigilo das investigações da obra da Lagoa serviram, entre outras coisas, para aquecer o combalido mercado publicitário de João Pessoa.

– Muitos veículos de comunicação que estavam ‘esquecidos’ pela PMJP passaram a ser procurados os últimos dias para o envio de propostas de parceria.

– A oposição na CMJP desconfia que o prefeito Cartaxo criou uma comissão especial para apurar as denúncias que pesam contra a obra da Lagoa para encontrar um bode expiatório.

– A propósito da oposição na CMJP, a bancada articula para as próximas horas uma coletiva de imprensa para revelar novas cenas da novela em que se transformou a oba da Lagoa.

A pergunta que não quer calar…

– Alguém arrisca um palpite de quanto está custando aos cofres do Município a ‘operação’ gestada para abafar os estragos da Operação Irerês?