Acredite se quiser: para justificar os 33 veículos irregulares que teriam transportado as 200 mil toneladas de lama, resíduo sólido, durante a execução do desassoreamento do Parque Solon de Lucena, a Lagoa, a Prefeitura de João Pessoa (PMJP) alega ter escalado apenas dois fiscais da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) para anotarem as placas. O problema é que os dois fiscais possuem graves problemas de visão.

A PMJP garante, para a Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), que toda a remoção do solo mole foi feita durante a noite e madrugada de dias úteis e feriados.

Provocado pelo procurador da República responsável pelo inquérito civil que tramita no MPF para investigar improbidade administrativa no Caso Lagoa, Yordan Delgado, o secretário de Infraestrutura Cássio Andrade apresentou Ailton Lima da Silva e Sebastião Barbosa de Oliveira como os dois fiscais noturnos que teriam anotado as placas dos caminhões que levavam o solo mole até o Aterro Sanitário Metropolitano.

Os dois foram convocados para oitivas, que compõem material do inquérito civil. Afinados, tentaram atestar a defesa da PMJP de que poderia haver erro nas anotações das placas e justificar as 33 motocicletas e carros de passeio que constavam na lista entregue pela PMJP aos auditores da CGU e que até o momento ainda não foram plenamente explicadas.

Acontece é que os dois servidores, contratados pela PMJP desde a década de 1980, possuem problemas de visão e que prejudicou para que várias placas pudessem ser enxergadas plenamente, principalmente em dias de chuva.

Ailton afirma que tem glaucoma e que usa óculos. Já Sebastião diz que possui astigmatismo e usa óculos com grau 6,5 e 8,5.

Com a pressão das investigações da Operação Irerês, o secretário de Infraestrutura de João Pessoa Cássio Andrade passou a responsabilidade para dois funcionários da Prefeitura pelo suposto erro dos 33 veículos irregulares, entre motocicletas e carros de passeio, que teria transportado as 200 mil toneladas de “lixo” da reforma do Parque Solon de Lucena, a Lagoa.

Com isso, o procurador da República Yordan Delgado, responsável pelo inquérito civil que investiga o caso, convocou os dois funcionários. O Paraíba Já teve acesso ao depoimento de um deles. Trata-se de Ailton Lima da Silva, que trabalha na PMJP desde 1984 e trabalha no setor de topografia.

De acordo com o depoimento, Ailton afirmou que ele e mais outro servidor dividiam a função de anotar as placas dos caminhões que transportava o resíduo sólido da Lagoa.

Porém, desde o primeiro momento a Prefeitura alega que a retirada deste material ocorria nas noites de segunda a sexta-feira, e nos feriados durante o dia. Já Ailton contradiz a defesa da PMJP e alegou que o serviço também era realizado nos finais de semana e durante o dia.

Ele ainda afirmou que sentia dificuldade para anotar as placas por conta de um problema de visão e que usava um óculos com grau 1 e 1,5.

Lagoa: Funcionário desmente PMJP e não confirma erro na anotação de placas dos veículos irregulares Lagoa: Funcionário desmente PMJP e não confirma erro na anotação de placas dos veículos irregulares