Paraibano é selecionado para representar o Brasil na Bienal Internacional de Artes Visuais

O paraibano Júlio Leite é um dos três artistas – os outros dois de São Paulo – do Brasil que participarão da Bienal Internacional de Artes Visuais da Venezuela, que será realizada entre os dias 3 de dezembro e 20 de fevereiro, no Museu de Arte Contemporânea de Caracas. Natural da cidade de Campina Grande, onde vive e trabalha, ele vai mostrar no evento um conjunto de nove obras, todas medindo três metros de largura por um metro de altura, intitulado de ‘Projeto Para um Novo Mundo’, que reúne bandeiras modificadas simbolicamente de algumas nações – a exemplo dos Estados Unidos, Japão, Suíça e Síria – e representam um espaço da tradição cívica de cada país.

“Participar desta Bienal com um trabalho de forte conteúdo político é, para mim, uma satisfação, sobretudo num país com o perfil político da Venezuela, cuja democracia está fragilizada e a sua população se rebelando contra o poder central. Essas relações estão evidenciadas no próprio conceito do meu trabalho e isso fortalece o nível de reflexão em relação à realidade local. A minha presença nesta Bienal significa exatamente o lastro que a arte contemporânea paraibana tem alcançado não só no cenário brasileiro, mas em escala global, com artistas do nível de Fabiano Gonper, Martinho Patrício, Marcelo Coutinho, Zé Rufino e Oriana Duarte”, confessou o artista.

Júlio Leite está consciente da importância do trabalho desenvolvido por esses artistas mencionados. “Nós temos em comum um nível experimental em alto grau e de reconhecimento da crítica brasileira em relação ao que fazemos hoje. Tivemos a oportunidade de ter tido textos publicados por diversos críticos, brasileiros e internacionais, em diversos periódicos, revistas acadêmicas e especializadas, todos nós participamos de bienais internacionais. Somos uma geração que contribuímos muito com estas relações para a arte paraibana e isso não é reconhecido no nosso estado, por não haver políticas definidas para que artistas neste nível sejam vistos e compreendidos em relação ao seu trabalho”, disse ele.

O artista também falou sobre o conjunto de obras que vai expor na Bienal Internacional da Venezuela, evento cuja seleção dos trabalhos é feita por um curador brasileiro e outros venezuelanos e reunirá mais de 40 artistas oriundos de diversas partes do mundo. “’Projeto Para um Novo Mundo’ é muito mais uma indagação do que uma afirmação do ponto de vista conceitual. Os fluxos atuais de imigração, epidemias, guerras, fome, terrorismo, mudanças climáticas, super população, intolerância são problemas que devem se agravar no decorrer da existência e que alteram sistematicamente os mapas. Tais aspectos são abordagens conceituais e que fornecem uma reflexão para todos nós: para onde estamos indo com estas premissas que restringem à vida humana? Ao modificar simbolicamente as bandeiras, cuja representação é um espaço da tradição de cada país, estou indagando por que essas áreas denominadas de país não se tornam espaços comprometidos com o futuro das relações estabelecidas entre o homem e sua existência priorizando a qualidade de suas ações?”, disse Júlio Leite.

No momento, Júlio Leite informou que está participando de duas exposições que continuam em cartaz, até o próximo ano, no Museu de Arte Contemporânea da USP (Universidade de São Paulo), em São Paulo, e  no Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro, além de uma individual no Centro Cultural Banco do Nordeste de Fortaleza e Juazeiro do Norte. “Este ano, eu tive uma agenda bastante movimentada”, comentou ele, acrescentando ter integrado recentemente, na cidade de Curitiba (PR), a mostra ‘Sinalética’, cujo caráter é itinerante. O artista lembrou que, em 2009, participou da ‘X Bienal de Havana’ com uma obra performática, o mesmo trabalho que levou, depois, para a ‘V Bienal de Curitiba’. Além disso, até o fim deste ano, pretende estar na ‘Feira Parte’, em São Paulo, na ‘Bienal de Caracas’ e em outra exposição na Galeria Murilo Castro, que o representa em Belo Horizonte e que se realizará em dezembro. E, para 2018, antecipou que está aguardando confirmação de datas para participar de mais três exposições. As informações são do Jornal A União.