Os traços de Paola Ewald nas artes plásticas, uma paixão desde a infância

Mais do que nunca, a Paraíba é lar de mulheres que se destacam no meio das artes plásticas. Minna Miná, Gabi Barbosa e Luyse Costa são só alguns dos nomes das jovens que vêm enchendo o Estado de cores e inspiração. Aos poucos, mais um nome vem à tona: Paola Ewald.

Como tantas outros artistas, Paola descobriu sua paixão ainda quando criança. Já aos 12 anos de idade, enviou um port- fólio à Editora Abril e foi chamada para trabalhar por lá. Por ser menor de idade e morar fora de São Paulo, o contrato não foi finalizado. Até hoje, a ilustradora mantém contato com o diretor de Artes da editora daquela época.

A maturidade brota de uma artista de 19 anos. As ilustrações, feitas com o material que lhe forem convenientes, abordam quase sempre a figura feminina em representações metafóricas. A grande panelada cultural de onde vem não poderia deixar de ter influências em seu trabalho.

Filha de pai alemão e mãe grega, nasceu em Curitiba e mora há 5 anos em João Pessoa. “Há muita diferença cultural, religiosa e ideológica entre os dois lados da família, por serem totalmente discrepantes e ainda residirem no Brasil”, refletiu.

“Mas me considero mais brasileira do que tudo. Principalmente nordestina, apesar de ter nascido no Sul. Fui aprender sobre cultura brasileira aqui. O Nordeste vive, respira e transpira essa cultura que no Sul não tem”

Mas nem sempre Ewald viveu bem com a sua arte. Após 2 anos de hiato, entre o curso de Língua Inglesa na UFPB e ministrar aulas de inglês em João Pessoa, a artista decidiu retornar.

“ Há uns anos, deixei de atuar na área quando sofri uma crise existencial muito grande de desgosto com a situação dos artistas brasileiros e a desvalorização do nosso trabalho”, contou. “Hoje, não sei dizer como aguentei ficar este tempo sem desenhar, porque era uma coisa que eu fazia todos os dias e, agora que voltei a desenhar, também o faço todos os dias”.

Tão freneticamente quanto a volta aos papéis, Paola tem se envolvido em vários projetos. Um deles, para o livro infantil da paraibana Rayanna Queiroz, totalmente ilustrado por Ewald.

Paralelamente, vem organizando uma exposição em galerias da capital para o ano que vem e está perto de abrir uma marca de roupas chamada Lappinova, com sócios paulistas.

“Eu me sinto mais eu. Acho que esse hiato serviu para eu clarear minhas ideias e sinto que eu voltei com um cabedal de conhecimento e ideias que não tinha antes, até acho que voltei desenhando melhor. Estou com mais coragem de seguir e tentar e arriscar. Não tem pra onde fugir. Vivo e respiro arte, e o jeito é abraçar”.

ARTISTA IRÁ DOAR VENDA DE OBRA PARA ‘OUTUBRO ROSA’
Na última sexta-feira, Paola Ewald iniciou uma ilustração cara a cara com o público, no Estúdio Gata Preta, Centro Histórico da capital.

“Foi uma experiência muito bacana essa que eu tive na sexta e queria divulgar a quem mais interessasse. E claro, até para mostrar que tem isso aqui também e divulgar meu trabalho na Paraíba”.

A obra será concluída no próximo sábado e, simultaneamente, Paola dará início a uma exposição com seus trabalhos mais recentes no Gata Preta.

Daqui a alguns meses, a ilustração principal será leiloada e grande parte dos fundos arrecadados será revertida para uma instituição de combate ao câncer de mama, que será definida em forma de enquete.

A ideia surgiu não só pelo gancho do ‘Outubro Rosa’, mas também pelo próprio cunho dos desenhos de Paola.

“Minhas obras expressam muito também a opressão feminina, por isso há tanta representação do nu e de gaiolas”, explicou. “Então foi também mais uma forma minha de expressar apoio, suporte e amor às mulheres desse Brasil, que sofrem tanto, de diversas maneiras, todos os dias”, concluiu.

Jornal da Paraíba