O líder da oposição na Câmara de João Pessoa (CMJP), Bruno Farias (PPS), ironizou a atitude do prefeito Luciano Cartaxo (PSD) de, finalmente, admitir que há irregularidades na execução da obra de revitalização do Parque Solon de Lucena, a Lagoa. Na manhã desta terça-feira (27), foi publicado no Semanário Oficial da Prefeitura de João Pessoa (PMJP), a portaria que instalava uma comissão especial para apurar problemas, outrora apontados pela Controladoria Geral da União (CGU) e atualmente são investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF).

Para Bruno, a portaria deveria ter outra numeração. “Eu diria que essa portaria deveria ser chamada de portaria 171. A instalação dessa comissão é a mesma coisa que colocar o Gargamel para proteger os Smurfs. A Prefeitura nomear uma comissão para investigar a irresponsabilidade de atos praticados por seus auxiliares quando o chefe dos auxiliares é o próprio prefeito. Isso é uma enganação, um engodo, uma tentativa de se proteger, de ficar acima do bem do mal, pregando a moralidade”, explicou.

O líder da oposição fez um retrospecto do comportamento “estranho” de Luciano Cartaxo, desde que surgiram as primeiras denúncias referentes à obra da Lagoa. As irregularidades que foram trazidas à tona, em primeira mão, no mês de setembro de 2015, pela reportagem do Paraíba Já, primeiro foi ridicularizada e acusada de politização da informação.

Meses depois, a CGU divulgou o relatório em que confirmava várias das irregularidades apontadas pela reportagem e apresentava novos fatos e indícios de superfaturamento de, aproximadamente R$ 10 milhões na revitalização do Parque.

“Basta fazer uma retrospectiva do comportamento de Luciano Cartaxo ao longo da revitalização do Parque Solon de Lucena. Do primeiro instante, quando da divulgação do relatório da CGU, o que é que o prefeito dizia? Dizia que era mentira. Dizia que a CGU não tinha competência, qualificação para fazer perícias numa obra com aquela complexidade que é a da Lagoa. Dizia que era balela e que a Caixa Econômica, através de um documento enviado ao Ministério das Cidades, onde a Caixa isentava a Prefeitura de tudo e que aquilo era mais do que suficiente para salvá-lo, imunizá-lo, isentá-lo da responsabilidade”, relembrou.

Em seguida, após pressão dos vereadores de oposição à época, Raoni Mendes (DEM), Renato Martins e Lucas de Brito (PSL), Cartaxo conseguiu cooptar vereadores para que não fosse instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Lagoa na CMJP.

E eis que surge a primeira fase da Operação Irerês e o prefeito entrou em um processo de negação. “O terceiro comportamento do prefeito foi quando houve a Operação Irerês. Ele dizia que a operação da PF foi em cima da empresa Compecc e que ele e a Prefeitura não tinha nada a ver com isso. A Prefeitura estava acima do bem e do mal, feita por homens ilibados, de bom caráter, de pessoas honestas, dignas, probas. E agora, com a divulgação das peças que integram os três inquéritos policiais, eis que ele acorda, com um pingo de lucidez e diz que pode haver irregularidades. Aí ele põe a estrela de xerife no peito e diz que agora é preciso que a Prefeitura investigue o caso, como se ele não fosse o principal responsável pela obra da Lagoa. Vai investigar, com servidores subordinados a ele, a si mesmo”, destacou.