Opinião: Do clássico ao atual, cinema ousa na representação erótica; Veja os melhores filmes

Sensualidade e erotismo são inerentes a natureza humana, permeiam a nossa cultura em todas as manifestações artísticas. Com o cinema não poderia ser diferente. Há registros de representação erótica e sensual desde os primórdios da produção cinematográfica, ainda na era do cinema mudo. Com o passar do tempo as referências eróticas foram se ampliando e se tornando cada vez mais ousadas, à medida em que cultura da sociedade evoluía e se tornava mais liberal.

Desde clássicos como Gilda, onde há um erotismo soft, muito elegante e insinuado, deixando a imaginação do espectador viajar, até fenômenos pop recentes, como o raso e semi-explícito Cinquenta Tons de Cinza, passando também pelos modernos De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick, Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson e Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci, se vê matizes de representação da sensualidade. As formas são as mais diversas possíveis.

Há uma infinidade de cenas clássicas e antológicas do cinema que reverberam erotismo como a que Brigitte Bardot aparece nua com derrière à mostra na abertura do filme de arte O Desprezo, do mestre Jean-Luc Godart, Marlon Brando sem camisa com os músculos à mostra para o delírio contido de uma ofegante Vivien Leigh em Uma Rua Chamada Pecado, as sequências clássicas de Anita Ekberg em A Doce Vida e as desventuras amorosas de Marcelo Mastroianni em Oito e Meio, ambas produções de Frederico Fellini.

Filmes como Lolita de Stanley Kubric, sobre uma doce pré-adolescente cheia de malícia e capaz de provocar as paixões mais arrebatadoras, A Bela da Tarde de Luis Buñel, com Catherine Deneuve imortalizada na pele da dona de casa burguesa e frígida que resolve atender homens em suas tardes para realizar suas fantasias sexuais, a comédia O Pecado Mora ao Lado, com a inesquecível e icônica Marilyn Moore como a vizinha sedutora – e que tem a cena antológica do vestido esvoaçante -, os jogos eróticos de 9 e 1/2 Semanas de Amor  são outras obras onde e elemento da sensualidade dá a tônica.

No Brasil, tivemos nos anos 1970 o boom das pornochanchadas, que tiveram vasta produção até a primeira metade da década de 1980. Eram comédias rasgadas permeadas de muito erotismo e abundantes cenas de sexo e nudez. É comum encontrar filmes dessa “safra” sendo exibidos nas madrugadas do Canal Brasil.

Para além desse gênero, também temos na produção nacional obras marcantes que abordam o sexo como tema e que são bem construídas, com narrativa bem estruturada. Algumas se tornaram marcos na história do cinema brasileiro. É caso de Dona Flor e Seus dois Maridos, adaptação da obra de Jorge Amando protagonizada por Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Esse filme foi, durante 35 anos, o recordista de público do cinema brasileiro, sendo superado apenas em 2010, por Tropa de Elite 2 .

Outros filmes brasileiros são destaque nesse campo, como A Dama do Lotação, as adaptações da obra de Nelson Rodrigues Toda Nudez Será Castigada, dirigida por Arnaldo Jabor, Engraçadinha com Lucélia Santos de protagonista e Haroldo Marinho Barbosa na direção, Amor Estranho Amor,de Walter Hugo Khouri, famoso pela polêmica cena sensual de Xuxa, então jovem atriz iniciante, com um menino de 12 anos. O cinema brasileiro sempre esteve ladeado por um viés sensual e, por muito tempo, esse foi o principal subterfúgio usado para conseguir bilheteria.

Cinema é também – talvez essencialmente – representação das pulsões humanas, do desejo e do sentimento convertidas em arte através da projeção de imagens em movimento. Nessa representação a sexualidade entra como um dos principais fatores. Seja na doce sensualidade de um filme como Beleza Roubada, de Bertolucci, no sexo corrosivo das duas partes de Ninfomaníaca, do polêmico Lars Von Trier, ou no premiado Beleza Americana, de Sam Mendes, passando pelas películas sensuais de Almodóvar, o cinema se constitui como um importante canal de expressão da libido e dos anseios inerentes ao ser humano. O sexo também perpassa e constrói a Sétima Arte.