Operação Sete Chaves: Justiça Federal divulga decisão desfavorável a Cunha Lima

Ronaldinho é um dos citados na ‘Operação Sete Chaves’
Ronaldinho é citado na ‘Operação Sete Chaves’

Já está disponível no site do Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5 a decisão do desembargador federal Francisco Wildo indeferindo, liminarmente, o habeas corpus preventivo impetrado pelos advogados do vice-prefeito de Campina Grande, Ronaldo da Cunha Lima Filho (PSDB).

Clique aqui e leia na íntegra da decisão do desembargador Francisco Wildo.

Ronaldinho, como é mais conhecido, é um dos citados na ‘Operação Sete Chaves’, deflagrada conjuntamente pela Polícia Federal e Ministério Público Federal com o intuito de desarticular uma organização criminosa que atuava na extração ilegal e comercialização da Turmalina Paraíba, uma das pedras mais valiosas do mundo.

O habeas corpus foi negado no dia 18 de junho pelo desembargador Francisco Wildo. Os advogados de Ronaldinho buscavam afastar, preventivamente, qualquer medida coercitiva que pudesse ser deflagrada, seja em desfavor de seus bens (busca e apreensão), ou em prejuízo de sua liberdade de locomoção (prisão cautelar, em alguma de suas modalidades).

“Mesmo em se tratando de habeas corpus preventivo, não pode o peticionário se demitir do dever de trazer à tona elementos que convençam o Judiciário da emergência do constrangimento ilegal a ser estancado”, argumentou o desembargador federal em sua decisão.

O outro lado

Ronaldinho nega que tenha qualquer envolvimento com o esquema que fazia tráfico de Turmalina Paraíba. “Todas as citações referentes ao me nome, seja no relatório do inquérito ou nas interceptações telefônicas das pessoas investigadas, se referem única e exclusivamente à minha atuação como advogado, desde o ano de 1997, juntamente com o colega, já falecido, Fernando Porto”, disse o vice-prefeito à época em que o habeas corpus preventivo foi negado pelo TRF5.

Entenda o caso

No dia 27 de maio deste ano, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a chamada ‘Operação Sete Chaves’, com o intuito de desarticular organização criminosa que atuava na extração ilegal e comercialização da Turmalina Paraíba, uma das pedras mais valiosas do mundo.

Formada por diversos empresários e um deputado estadual, a organização criminosa se utilizava de uma rede de empresas off shore, para suporte das operações milionárias nas negociações com pedras preciosas e lavagem de dinheiro. Um total de 18 mandados de busca e apreensão foi executado, simultaneamente, por 130 policiais federais de todo o Nordeste nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e São Paulo.

A Turmalina Paraíba era retirada ilegalmente do distrito de São José da Batalha, no município de Salgadinho, região do Cariri, na Paraíba, e enviada à cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, onde era “esquentada” com certificados de licença de exploração. Dessa região, as pedras seguiam para Governador Valadares, em Minas Gerais, onde eram lapidadas e enviadas para comercialização em mercados do exterior, como Bangkok, na Tailândia, Hong Kong, na China, Houston e Las Vegas nos Estados Unidos, por ser considerada uma das pedras mais caras do mundo.

Saiba mais

De acordo com os advogados de Ronaldo da Cunha Lima Filho, embora ele não seja proprietário de mineradora, acabou mencionado durante as investigações como um dos “políticos que davam suporte às empresas de mineração por interesses particulares”, conforme se lê em um dos relatórios da Polícia Federal.

A defesa alega tratar-se de informação inverídica, pois o atual vice-prefeito de Campina Grande, à época dos fatos, apenas havia firmado um contrato de prestação de serviços advocatícios com a mineradora e sequer era político.

Os advogados afirmam que durante as interceptações telefônicas, autorizadas pelo TRF5, foram captados diálogos entre Ronaldo da Cunha Lima Filho e um deputado estadual, a partir do qual a autoridade policial passou a acreditar existir uma ligação do primeiro com o minério.

Sustentam, ainda, que após tomar conhecimento da referência a seu nome nas investigações, o vice-prefeito tomou a iniciativa de se apresentar perante o delegado de Polícia Federal para prestar esclarecimentos, temeroso de que as informações incompletas e descompassadas da realidade pudessem acarretar a adoção de medidas coercitivas contra a sua pessoa.

O receio de que alguma medida seja levada a cabo, segundo entendem, decorre da tramitação, na 14ª Vara Federal/PB, de um procedimento sigiloso, cuja numeração sequer foi fornecida, ainda que se tenha confirmado a sua existência.