Mallu Magalhães diz que – óbvio – seu clipe não é racista

Em um país marcado por 500 anos de violência e discriminação racial, é natural que certas situações despertem dúvidas ou receios. Vale destacar, porém, que os argumentos usados contra o clipe não se sustentam. Corpos besuntados não apenas remetem ao suor que brota em quem dança samba, como são frequentes na publicidade e mesmo na arte — vide Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Além disso, Mallu Magalhães aparece em primeiro plano porque é a estrela do vídeo, e num certo momento ela também surge na escadaria que é protegida por grades.

“A arte é um território muito aberto e passível de diferentes interpretações e, por mais que tentemos expressar com precisão uma ideia, acontece de alguns significados, às vezes, fugirem do nosso controle”, continua Mallu Magalhães em seu textão. “Sei que o racismo ainda é, infelizmente, um problema estrutural e muito presente. Eu também o vejo, o rejeito e o combato. Li cada uma das críticas, dos posts e comentários, e o debate me fez refletir muito sobre o tema.”

Em seguida, Mallu justifica as escolhas estéticas do clipe de Você Não Presta. “A ideia era ter um clipe com excelentes dançarinos que despertassem nas pessoas a vontade de dançar, de se expressar. Foram convidados pela produtora e pelo diretor os bailarinos Bruno Cadinha, Aires d´Alva, Filipa Amaro, Xenos Palma, Stella Carvalho e Manuela Cabitango. Com a última, inclusive, tive a alegria de fazer aulas para me preparar para o vídeo.”

A cantora finaliza pedindo desculpas outra vez. “É realmente uma tristeza enorme ter decepcionado algumas pessoas, mas ao mesmo tempo agradeço a todos por terem se expressado. E reitero o meu pedido de desculpa. É uma oportunidade de aprender. Espero que, após este esclarecimento, seja aliviado deste espaço de conversa qualquer sentimento de ofensa ou injustiça, ficando os fundamentos nos quais tanto acredito: a dança, a arte e o convite à música.”

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