Se o prefeito Luciano Cartaxo (PSD) tinha esperanças de que as investigações sobre desvios de recursos na obra de revitalização e requalificação do Parque Solon de Lucena (Lagoa) iriam acabar com a apuração de irregularidades na etapa de drenagem do local, a tal retirada de 200 mil toneladas de lixo, está muito enganado.

De acordo com o procurador da República Yordan Delgado, em entrevista ao Paraíba Já, o buraco é bem mais embaixo. Mesmo. Isso porque a Polícia Federal deverá também investigar as irregularidades apontadas pela Controladoria Geral da União (CGU) referentes a reforma do túnel de escoamento da Lagoa. Somente essa etapa da obra custou um “prejuízo” de, aproximadamente, R$ 4 milhões aos cofres públicos de João Pessoa.

“Foi feita (pela PF) uma batimetria na Lagoa, mas ainda falta uma outra parte das investigações. A perícia também vai abranger o túnel da Lagoa”, revelou.

Yordan, que é responsável pelas investigações de irregularidades na obra pelo inquérito civil que tramita desde o ano passado no Ministério Público Federal (MPF), explicou que o processo depende agora do resultado das perícias da PF para que se tenha clareza de como se deu o “superfaturamento” na execução da obra. Superfaturamento este que ele nâo tem dúvidas de que houve. 

“Nós estamos trabalhando cada um na sua área, embora as informações se complementem. A parte da PF é a criminal e a do MPF é cível. A parte pericial quem faz é a PF porque possui corpo técnico para isso. Estamos esperando o resultado das perícias”, explicou.

Atualmente, a gestão do prefeito Luciano Cartaxo na Prefeitura de João Pessoa está sendo investigada pela PF, no âmbito criminal, pelo crime de peculato (desvio de recursos públicos), e, civilmente pelo MPF, pelo crime de improbidade administrativa.

No MPF, foram realizadas oitivas com os principais envolvidos com a execução da reforma da Lagoa, dentre eles, empresários da Compecc (empresa licitada), responsáveis pelo aterro sanitário metropolitano, ex-secretário Rômulo Polari, e os secretários Cássio Andrade (Infraestrutura) e Zennedy Bezerra (que ocupava a Secretaria de Planejamento à época).

Já a PF realizou perícia técnica, como a realização de uma batimetria na Lagoa, e a execução dos mandados de busca e apreensão de documentos e mídias na primeira fase da Operação Irerês.