Ex-vereador compara Manoel Júnior a pavão e lembra denúncias do deputado a Cartaxo

“Pavão misterioso”. Esse é o título do artigo de autoria do radialista e ex-vereador de João Pessoa, Sales Dantas. No texto, publicado nas redes sociais, Sales faz uma análise do “giro de 180 graus” feito pelo deputado federal Manoel Júnior (PMDB) ao desistir de disputar a Prefeitura da Capital e se aliar ao prefeito Luciano Cartaxo (PSD).

Para Sales, a derrocada de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados contribuiu para Manoel Júnior renunciar a disputa e se aliar a Cartaxo. “Toda estrutura financeira do projeto de Manoel Júnior em 2016 dependia da permanência de Cunha na presidência da Câmara Federal”, diz trecho do texto.

Leia abaixo na íntegra o artigo de Sales Dantas:

Pavão misterioso

Se você está perplexo com o giro de 180 graus do deputado federal Manoel Júnior, ao se transformar de ‘contumaz acusador’ em ‘ferrenho aliado’ do prefeito Luciano Cartaxo preciso lhe dizer algumas coisas.

Eu não estou. E explico.

Uma fonte de Brasília me conta que lá Manoel Júnior nunca foi tão pré-candidato a prefeito de João Pessoa quanto era quando descia do avião aqui.

General da tropa de choque de Eduardo Cunha, o truculento ex-prefeito de Pedras de Fogo vinha, com o prestígio do parceiro, ganhando espaço no baixo clero do Congresso e até o simpático apelido de “Lampião de Cunha”. A propósito, toda estrutura financeira do projeto de Manoel Júnior em 2016 dependia da permanência de Cunha na presidência da Câmara Federal.

Era um show business do tudo ou nada.

Falta de dinheiro, aliás, foi o principal motivo alegado por Manoel Júnior para tomar a tresloucada decisão de se juntar com quem acusou inúmeras vezes de praticar criminosamente uma tal de “Taxa Z”.

Manoel também tinha consciência que nem o apoio dos laboratórios de sempre conseguiria mais para uma eventual candidatura, pois está todo mundo com medo de investir em política.

Ademais, segundo a fonte, ele queria mesmo era espaço na mídia, ficar nas manchetes para não cair no esquecimento do eleitorado em 2018 e usar a eleição de João Pessoa para esconder a causticaste realidade que vive em Brasília.

Um blefe de quem jogando para a platéia uma parada e nas entrelinhas queria pescar outra coisa. Nem o PSDB, com quem ele namora tanto e se comporta como se filiado fosse, acreditou na sobrevivência da sua postulação. Quem não convence o micro, não pode convencer o macro.

No fundo, sempre soube que Manoel era candidato de si próprio e que o esvaziamento de sua postulação o levaria fatalmente a desistência. Não o fez antes para conseguir uma saída honrosa e, se possível, diz a fonte, “algum lucro”.

Talvez a vice de Cartaxo, que Manoel só toparia ser para chegar a Prefeitura de João Pessoa por um caminho oblíquo, com o prefeito renunciando o mandato caso fosse reeleito.

Mas alguém em pleno exercício de suas faculdades mentais entregaria uma prefeitura a quem o acusou tantas vezes de “desonesto”?

Alguém acha que uma cobra como Cartaxo vai fornecer asas a outra cobra como Manoel Júnior?

Eu não.

Manoel Júnior foi descaradamente desleal com o povo de João Pessoa quando (des)mentiu há cerca de 15 dias a sua negociação com Cartaxo, através de nota à imprensa. Fez isso mesmo depois de ter topado o acordo que teve Cássio Cunha Lima como fiador. Aliás, se eu fosse Manoel não acreditava tanto nesses tapinhas nas costas que tem recebido de Cássio e Cartaxo.

Que fique claro: o deputado, que agora come na mão do prefeito que acusava, não foi abandonado por Zé Maranhão, como insinuou na coletiva. Mas está pagando o preço por ter atropelado muita gente digna do PMDB. Circulando de azul, quando deveria ter circulado de vermelho.

Pois é, o bumerangue que Manoel Júnior arremessou contra o seu colega Veneziano em 2014 voltou agora para lhe derrubar. E o feitiço, como em todo conto de fadas, caiu contra o feiticeiro.

Como diria um folclórico blogueiro: quem não te conhece que te compre, pavão misterioso!

Por Sales Dantas