Escritor Anselmo Vasconcellos lança seu terceiro livro em João Pessoa

O escritor e ator Anselmo Vasconcellos realiza noite de autógrafos nesta segunda-feira, 23 de janeiro, a partir das 18h, na Academia Paraibana de Letras (Rua Duque de Caxias, 37, Centro de João Pessoa), do romance Mia, a holandesa de pés descalços, terceiro livro de sua incursão pela prosa de ficção. A obra saiu em 2016 pela chancela da Scenarium Livros Artesanais.

O selo, organizado pelo casal Lunna e Marco Antônio Guedes com o objetivo de publicar livros de maneira artesanal e com um design que valorize a palavra escrita… a Scenarium – livros artesanais propõem alinhavar a palavra do autor ao refinamento do processo artesanal de criação de um livro…

Para cada livro é desenvolvido um projeto específico… visando alcançar um novo objeto que emerge diretamente dessa fusão.

Feito a partir da conhecida combinação — papel, agulha e linha — o livro artesanal oferece uma espécie de futuro ao contrário… misturando estilo, criatividade, personalidade e, acima de tudo: individualidade… e chega as mãos do leitor como um produto único… feito com exclusividade e com características singulares, uma vez que nenhum livro é igual ao outro…

Na concepção dos editores, “a proposta era conduzir o leitor pelo universo idealizado por Anselmo Vasconcellos. Era preciso escolher o melhor tipo de papel a ser usado no miolo, na capa. A linha para costurar o livro”.

Sobre o título de seu novo livro, esclarece o autor: “Mia é um nome próprio popular na Holanda. Nomeia uma personagem despojada, integra. Sua complexidade e sofisticação vem de sua simplicidade”. Lembrei da Ava Gardner fazendo o brilhante texto no cinema ‘A condessa dos pés descalços‘ e capturei a metáfora para realçar ainda mais o despojamento da personagem. A mulher fértil de amor e descalça das vaidades mundanas”.

Em breve descrição da editora Lunna Guedes, a mais recente obra de Anselmo Vasconcellos “começa justamente quando o personagem sai dos porões da Ditadura e emerge em vida… embora sua alma ainda esteja atada ao breu, e sua pele impregnada pelo limbo dos excessos de um mundo onde a palavra ‘liberdade’ não é verbo — substantivo, tampouco. Nosso personagem-narrador-poetamendigo-malabarista é ferido em sua sensibilidade e, nas trevas tatuadas em sua derme, uma única luz a incidir-resvalar é Mia, personagem que se projeta para cima de nós — na condição de luz que nos fere os olhos. Somos convidados a nos acostumar com essa figura misteriosa, que vai se descortinando a cada página… e está ali para nos converter em personagem-narrador”.

Sobre o seu processo criativo, fala Vasconcellos: “Aprendi a ser engenho de mim mesmo. Crio labirintos com o corpo, com a intuição, com a racionalidade e assim me transporto para outros, provoco, compartilho invenções, perdido dentro dele. Quem me acolhe ou me nega de alguma forma é a saída.”

Trecho de Mia, a holandesa de pés descalços:

“Acordo, e minha primeira visão é o amarelo dos cabelos fartos que cobrem o rosto e a idade dela. Em suas costas um belo Mehndi de Henna – tattoo relacionada à natureza cíclica e passageira da vida. Arte efêmera indiana de propriedades medicinais. A vontade de escrever me faz levantar e começar o dia. Sem despertá-la – cuidadosamente – saio da cama. Abro a porta de uma pequena varanda que descortina a paisagem da mata. Música de águas em corredeiras, sons de aves à distância. O cheiro de terra molhada é minha alimentação.”

Ator de vasta experiência em cinema e televisão, natural do Rio de Janeiro, integra o elenco de Zorra Total (TV Globo). A volta ao mundo – Uma pista para o futuro (Chiado Editora, 2014) e Comédia, A Arte da Irreverência, em parceria com a pesquisadora Raquel Vilela, (Editora Lacre, em 2012) são os seus livros anteriormente publicados.