Em show acústico, Ira! mostra força atemporal de suas composições

O Ira! provou nesse sábado (11) em um Citibank Hall totalmente lotado, o poder que suas canções, muitas delas com mais de três décadas de idade, ainda exercem entre os fãs do rock brasileiro.

Verdade seja dita, o projeto “Ira! Folk” não deixava de ter as suas temeridades. Afinal, a proposta do show é o de “despir” as músicas, em versões acústicas executadas apenas pelo guitarrista Edgard Scandurra e o vocalista Nasi (acompanhados do filho de Edgard, Daniel no baixo e, para essa ocasião, o tecladista e também violonista Johnny Boy). Se o formato permite ao grupo chegar ao âmago dessas composições, ele também pode abrir brechas para que eventuais problemas ganhem maior visibilidade.

Ira! letras

Felizmente, nada disso aconteceu no sábado. Nasi, se mostrou um vocalista seguro e com a voz sempre em cima e Scandurra mostrou que segue como um dos nossos grandes instrumentistas. O repertório foi criado para agradar tanto os fãs casuais, quanto os de carteirinha.

Assim, canções que se popularizaram na década passada como “O Girassol”, “Eu Quero Sempre Mais” ou “Flerte Fatal”, dividiram espaço com as obrigatórias “Envelheço na Cidade, “Núcleo Base”, “Mudança de Comportamento” (essa na abertura) ou “Flores em Você”. Já os que acompanham a banda há mais tempo foram brindados com “Rubro Zorro”, “Receita Para Se Fazer Um Herói” e “Mesmo Distante” do fundamental “Psicoacústica” (1988) e até “Culto de Amor” do primeiro álbum solo de Scandurra (1989)

Como o show estava sendo registrado para um lançamento comercial, provavelmente em DVD, a dupla chamou ainda dois convidados especiais para participarem do evento. Primeiro foi a vez do violonista Yamandu Costa responsável por aquele que tinha tudo para ser o momento mais mágico da noite: uma versão com toques flamencos de “Dias de Luta”. Infelizmente, alguns problemas técnicos atrapalharam a execução e a canção precisou ser refeita. Na segunda vez o som melhorou bastante, mas a sensação de surpresa já havia diminuído. O músico também tocou na obscura “Perigo”, lançada em 1993.

Quem também foi convidada para uma aparição foi Fernanda Takai que reprisou a sua participação em “Telefone” da Gang 90 (regravada pela banda em 1999) e em “Tolices, que ela já havia cantado com o Pato Fu. A cantora também precisou repetir as suas performances.

Ao final, eles ainda refizeram “Flores em Você”, e, claro, não conseguiram deixar o palco sem cantar meio que de improviso, um trecho de “Pobre Paulista”, canção que não estava no setlist, mas que ao menos na cidade natal da banda, segue obrigatória aos olhos do público. As informações são Vagalume.