“Eles não têm nenhum compromisso com o Brasil”, diz Ricardo

O governador Ricardo Coutinho foi incisivo durante discurso no ato “A Paraíba pela democracia: Golpe nunca mais”, que aconteceu na manhã desta terça-feira (15), no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa. Ele deixou claro que a população deve lutar contra o “golpe”, sair em defesa da manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), punir aqueles que estão sendo apontados em escândalos de corrupção ou que atentem contra o estado democrático de direito, fazendo uma clara menção ao presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ) e combater, principalmente, todo e qualquer força que ameace o retrocesso de todas as conquistas sociais e políticas conquistadas desde a redemocratização.

“Esse é um momento histórico, não tenho dúvidas. Nós estamos abrindo as portas para muitas coisas que vai acontecer daqui por diante em defesa da democracia e da legalidade dentro deste país”, afirmou.

Ricardo ressaltou a luta histórica de militantes da esquerda em prol da democracia no país, na qual ele também integrou quando começou sua carreira política no PT e depois se filiou ao atual partido, PSB. “Passamos muito tempo acuados, temerosos, dispersos, isolados, talvez até com sentimento de que as nossas caminhadas pretéritas, elas talvez não tivessem valido a pena. Esse sentimento eu vi em muita gente e quando eu cheguei aqui hoje e encontrei todos esses companheiros e companheiras, eu vi que a nossa energia voltou mais forte do que nunca. A nossa crença se fez presente e a nossa força está multiplicada porque  se aprende nas adversidades da vida. Não existe processo perfeito”, declarou.

Combater a corrupção e acenos de alguns movimentos pelo retorno de um estado ditatorial são temas, de acordo com o governador, fáceis de se abordar e de se explanar. “Mas eu confesso que o mais difícil, e me perdoem a coragem, porque também se não tivesse, não teria assinado minha ata de posse de governador do estado da Paraíba. Mas o mais difícil é você ver tudo isso sendo articulado por forças muito maiores do que aquelas forças que compõem e querem derrubar a Constituição e a democracia e que estão dentro do Congresso Nacional. Existem forças muito maiores, forças que dominam ou que tentam dominar a mente coletiva de uma população. Forças que passaram 24h transmitindo um ato que não existiu no Brasil afora. Forças que se acham no direito, mesmo sendo uma concessão pública, de não ter absolutamente nenhum tipo de regulação, regulação esta que faz parte da democracia. Não existe democracia sem regulação, porque senão o direito das minorias, ou melhor, o direito das maiorias não é observado”, refletiu.

E ele continuou falando da influência e do poder de destrutividade que tais forças podem causar no país, mas que já nasceram frustradas por não possuírem apoio popular. “O Brasil tem sofrido com o terceiro turno por uma razão muito simples. Essas forças que querem derrubar a legalidade não tem apoio político, não tem apoio do povo. Observem que o candidato que polarizou em 2014, que em qualquer parte do mundo, com o país e o governo em crise, a única coisa natural seria se ele aparecesse disparado em qualquer pesquisa atual. Hoje, ele sequer tem a metade dos votos que teve no mês de outubro do ano passado”, disse.

Ricardo alfineta  o PSDB, por ser um dos mais interessados pela queda da presidente Dilma e pela postura de oposição adotada pelo partido no Congresso Nacional, como do senador e candidato derrotado nas eleições do ano passado Aécio Neves e pela figura mais emblemática da sigla, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Aqueles que se opõem não conseguem cativar o povo, por uma razão muito simples: porque são excludentes, porque representam  aquela parcela que não consegue ajudar a encaixar um cinto de segurança em um avião. Eles não conseguem perceber que o Brasil fez um processo de inclusão social e que agora está em risco. É preciso que a gente atente que além da defesa da democracia, é preciso que a gente defenda as conquistas sociais, defender os avanços que nós tivemos. Ao lados dos erros de alguns, ou até dos erros de condução, porque ninguém está protegido de errar e todos nós erramos. Mas ao lado disso não podemos deixar de defender o legado e o avanço que nós tivemos. Esse país era muito pequeno para seu povo. Nesse país, o governo não dialogava com o seu povo, dialogava com suas elites. E o povo passou a ter um papel central nesse processo. Nós não podemos perder isso de vista. Além de derrubar o golpe, nós precisamos ter a coragem  para retomar algumas coisas”, defendeu.

E Ricardo ainda aponta prioridades para esse processo combatente contra a democracia brasileira. “Primeiro retomar a bandeira da defesa da ética. Nós não temos que ter medo. Que se investigue, mas que não façam investigação seletiva. Que se investigue, se julgue, mas que não procurem a escandalização da notícia que depois não se confirma. É importante que as coisas aconteçam dentro de um estado republicano. Nós lutamos por isso, não foram eles que lutaram não, fomos nós que lutamos por isso. Eles não queriam saber disso”, afirmou, em que implicitamente relembra sobre as principais queixas do PT de ser o único partido alvo de pré-julgamentos e investigações após o escândalo do Mensalão.

“Precisamos também de uma nova agenda para este país. Um país que paralisou-se em 2015. Eu sei muito bem o que é isso. Eu ando por aí e eu sei muito bem o que é parar uma obra. Eu sei o que significa ver companheiros voltando para casa por não ter mais nenhum trabalho e a imposição onde efetivamente nós não estamos conseguindo transpor por que pararam o país. Quiseram derrubar uma presidente eleita, destruir o país. Eles não tem nenhum compromisso com o Brasil. Por isso, eles devem ser derrotados. Ou se derrota ou eles quebram o país. Esse é o grande dilema que nós temos pela frente. “, declarou.