Eleições em CG e JP serão disputadas entre os grupos de RC e Cássio, avalia especialista

O cientista político José Henrique Artigas, falou para o Paraíba Já, sobre as perspectivas políticas para a política em João Pessoa e Campina Grande, ressaltando que o reflexo das alianças em uma cidade terá efeito na outra. Ele não acredita em um possível êxito nas pré-candidaturas dos deputados federais Manoel Junior (PMDB) e Wilson Filho (PTB) ou do vereador Raoni Mendes (PTB) para a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) nas eleições deste ano.

De acordo com o analista político, as alianças firmadas na Capital terão impacto na Rainha da Borborema, e vice-versa, porque as eleições serão polarizadas entre os grupos do governador Ricardo Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), e demais aliados. Artigas ainda destacou que o PMDB ainda decidirá o lugar mais confortável para seguir, mas já aposta numa aliança entre o partido e o PSD para Campina Grande.

“O foco são as eleições municipais e a tendência é de polarização entre os dois principais grupos políticos, o grupo aliado ao prefeito Luciano Cartaxo, hoje aliado ao PSD e o capitaneado pelo governador Ricardo Coutinho, e as disputas bipolares que devem ocorrer aqui em João Pessoa devem também causar reflexos em Campina Grande, que é o segundo maior colégio eleitoral do Estado. Então as alianças que esses dois grupos vierem a compor para as eleições vão também condicionar as alianças em Campina Grande, também podendo causar uma bipolarização de lá, tendo como principais figuras aquele grupo capitaniado pelo prefeito de Campina Grande e pelo ex-prefeito Veneziano Vital do Rêgo. Então muito provavelmente o que assistiremos é uma oposição entre o grupo Cunha Lima que compõe agora com o prefeito Cartaxo do PSD contra o grupo do governador Ricardo Coutinho, e o PMDB pulando entre esses dois grupos, procurando a melhor posição possível para manter o seu espectro político consistente. O PMDB é o partido de maior capilaridade em todo o Estado, então muito provavelmente deve manter a posição de partido proeminente, entretanto, o principal não será do PMDB, será mais provavelmente do PSB e do grupo Cunha Lima, liderado pelo PSDB em Campina e PSD em João Pessoa. Certamente o PMDB vai buscar o apoio do PSD em Campina Grande”, explicou.

“Manoel Junior tem que comer muita farinha para ser candidato”

Conforme Artigas, Manoel Junior ainda não possui liderança política suficiente para disputar o cargo majoritário em João Pessoa. Ele ainda acredita que os peemedebistas ficarão sozinhos neste pleito de 2016.  “A candidatura do deputado Manoel Junior, a pré-candidatura, né? Ainda falta muita coisa pro Manoel Junior virar candidato, ele vai ter que comer muita, mas muita farinha pra virar candidato. Hoje, a probabilidade maior é que ele não consiga legenda para se lançar candidato, mas claro que muita coisa ainda há de rolar, mas hoje, ele ainda é um nome frágil, porque o PMDB não teria uma coligação suficientemente forte para lançar uma candidatura competitiva. O PMDB fica sozinho como na última eleição, que saiu sem coligação. O exemplo da eleição passada de 2014 foi muito negativo para o PMDB, porque perdeu deputados estaduais e federais. Praticamente, o próprio Manoel Junior não se elege. Ele se elegeu com os votos sobrantes, se elegeu na rapa do tacho, então colocar uma candidatura solo para o PMDB em João Pessoa é abdicar de eleger vereadores, isso certamente não é interesse da direção partidária. Certamente a família Vital do Rego vai manobrar até o possível a candidatura de Manoel Junior”, alegou.

PTB

O crítico político focou que o PTB também não possui eficiência competitiva, por não possuir espaço na mídia e não ter um número considerável de representantes na bancada federal. Artigas evidenciou que a campanha deste ano será sustentada por estrutura partidária, porque será a primeira realizada sem financiamento empresarial, assim sendo a pré-candidatura de Wilson ou Raoni está enfadada a não obter sucesso por não se demonstrar competitiva.

“Wilson Filho ou Raoni, ambos do PTB, nenhum dos dois tem capacidade para se tornar competitivo. Primeiro porque o PTB não tem uma bancada parlamentar federal suficiente para fazer tempo de televisão mínimo para fazer uma candidatura competitiva. Segundo porque o PTB não conseguiria jamais liderar uma ampla aliança, que lhe permitira não só tempo de televisão, mas mais recursos para a campanha e mais estrutura partidária. É muito importante pensar nisso agora. Essas serão as primeiras eleições sem dinheiro do empresariado, quer dizer, vai precisar muito de estrutura partidária, de alianças que incorporem recursos das campanhas. Um partido sem essas questões está fadado ao fracasso. Esse é o caso do PTB, que deve lançar candidato, mas não para competir a Prefeitura, mas para aumentar a fatura para o segundo turno. Certamente se Wilson Filho se lançar candidato, e muito provavelmente será derrotado, ele deve se aliar a candidatura angariada pelo grupo Cunha Lima, que aqui em João Pessoa, circunstancialmente será dirigida por Luciano Cartaxo. Agora, Wilson não é e não será competitivo. O Raoni menos ainda, ele precisa acordar pra cuspir. Ele não tem controle sobre o partido, acabou de entrar no partido. Quem manda no partido é Wilson Santiago, que não vai optar por Raoni em troca de Wilson Filho, se acreditar que for possível uma boa negociação para o processo eleitoral. Só lançará uma candidatura própria se for absolutamente inexorável a necessidade de candidatura própria. Certamente os recursos migrarão para as candidaturas mais competitivas. O candidato que não for competitivo não vai receber um tostão. Tanto o PTB quanto o PMDB não apresentam possíveis candidaturas competitivas”, concluiu.