Deputado paraibano quer moção de repúdio a general

“Nem a farda e nem a toga, a saída que queremos é o fortalecimento da democracia” disse Anísio Maia

O deputado estadual Anísio Maia (PT) apresentou na manhã desta terça-feira, 19, moção de repúdio ao general Antônio Hamilton Martins Mourão, que defendeu durante palestra em Porto Alegre (RS), no último domingo, a intervenção das Forças Armadas para resolver a crise política no país.

“Desrespeitando a legislação para militares da ativa e todos os nossos princípios constitucionais, o general deu um ultimato ao Judiciário para que resolva a crise política no país ou o Exército deveria intervir. Apresentei uma moção de repúdio porque todas as instituições no estado democrático de direito e toda a sociedade devem defender a democracia de ataques como este. Nem Judiciário e nem Forças Armadas, a democracia é o governo do povo”, disse o deputado Anísio Maia.

O deputado afirmou que as pessoas que não conviveram com a ditadura precisam preservar as conquistas democráticas das gerações anteriores: “Imaginem jornais fechados, censura de opinião, prisões, torturas e assassinatos apenas por criticar o governo. Não podemos permitir que uma crise política crie espaço para propostas antidemocráticas. Estas devem receber o repúdio de quem defende a democracia”.

Na mesma ocasião, o parlamentar lembrou diversos escândalos envolvendo a ditadura, mostrando que o discurso de combate a corrupção é apenas um pretexto para soluções autoritárias. Entre os casos lembrados pelo deputado Anísio Maia estavam o escândalo do grupo Coroa-Brastel responsável pelo desvio de milhões da Caixa Econômica, as propinas pagas pela General Elétric para o fornecimento de máquinas para a Rede Ferroviária Federal e os milhões que sumiram na construção das hidrelétricas de Tucurui e Capemi no estado do Pará.

Anísio Maia ainda ressaltou que “os militares deixaram uma dívida externa que em números atualizados seria quatro vezes maior que todas as reservas cambiais que o Brasil tem hoje. com relação às denúncias de corrupção durante a ditadura, a única diferença é que na época quem denunciasse poderia desaparecer e não havia transparência nenhuma sobre as finanças públicas”. E acrescentou para concluir: “Nem a farda e nem a toga, a saída que queremos é o fortalecimento da democracia. O que combate a corrupção é a transparência pública, o controle social e a participação popular”