Gestão de Cartaxo teria de encher mais 725 caminhões para justificar pagamentos, diz PF

A perícia que a Polícia Federal fez na Lagoa constatou que a gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PSD) teria que encher mais 725 caminhões para justificar os pagamentos feitos pelo transporte do material retirado do local.

Esse número é equivalente ao 8.899,25 metros cúbicos que a perícia encontrou entre o volume medido e pago pela Prefeitura de João Pessoa para a retirada de resíduos no local. Mas, é bom ressaltar que entre os veículos utilizados pela gestão municipal para retirar esse material da Lagoa encontram-se carros de passeio e até motos.

“Para que esta diferença de volume encontrado nas escavações da lagoa fosse decorrente de assoreamento em função de decomposição de sedimentos e resíduos sólidos, no lapso temporal decorrido entre o fim da escavação e a realização da batimetria, ou seja, um pouco menos de dois anos, seria necessário, que, em média, houvesse um despejo diário de material sólido no leito da lagoa, equivalente a todo o conteúdo de um caminhão de 12 metros cúbicos de capacidade”, diz o inquérito.

E continua: “…o que seria impossível nas condições atuais da bacia hidraúlica da lagoa. Se assim o fosse, em cerca de 15 anos, a partir do término dos serviços, a lagoa estaria completamente assoreada, ou seja, um assoreamento equivalente a todo o volume de água atualmente existente”.

Investigação

A Polícia Federal tem três inquéritos abertos para investigar possíveis irregularidades na obra. De acordo com documento protocolado no Ministério Público Federal (MPF), as investigações são por conta da construção do Túnel, desassoreamento do local e construção do muro de contenção do local.

Irerê

A Operação Irerês tem o objetivo de investigar irregularidades na licitação da obra da Lagoa, no que diz respeito ao repasse do Ministério das Cidades para a gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PSD).

Ao todo, foram cumpridos dois mandados judiciais de busca e apreensão na Capital, sendo um na sede da empresa que fez a obra da Lagoa e outro na residência do diretor da empresa, localizada no bairro de Manaíra.

A Justiça Federal tornou os bens da empresa indisponíveis e proibiu novos pagamentos da Prefeitura de João Pessoa para o contrato de repasse da obra da Lagoa.

O nome da operação é uma alusão ao Irerê, espécie de marreco que era abundante nas águas da lagoa. Tanto que, até o início do século XX, antes da urbanização do parque, o local era conhecido como “Lagoa dos Irerês”. Ainda de acordo com nota enviada pela PF, o processo corre em segredo de justiça.