Cartaxo se defende de acusações sobre ‘roubo’ na Lagoa com slogan de campanha

O prefeito Luciano Cartaxo (PSD), que estava em silêncio sobre a Operação Irerês e a tentativa da bancada de oposição de instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar supostas irregularidades na obra da Lagoa, resolveu falar.

Cartaxo afirmou que quer manter o foco no trabalho, pois não precisa mais debater assuntos relacionados as investigações dos supostos desvios de verba da obra da Lagoa, pois esse debate já foi feito nas eleições.

Para Cartaxo a tentativa de implantar uma CPI, na Câmara Municipal e João Pessoa (CMJP), é uma forma de querer desgastar a imagem da gestão.

” Nossa meta é continuar firme e forte trabalhando pela cidade. É isso que nos interessa: trabalho, resultado, coragem e fé. Esse debate já foi feito na eleição. A população percebe quem tem projeto, quem tem ideia e quem apresenta resultados à população. A tentativa de criação de CPI é para fazer um debate político visando desgastar a imagem da gestão. Temos resultados e relação com a cidade. Esse debate foi feito na eleição e a povo deu a resposta. Temos trabalho para apresentar, isso é o mais importante”, ressaltou Cartaxo, relembrando slogan da campanha de reeleição.

Tráfico de influência

Como dizem, parece que o buraco pode ser mais embaixo quando se trata da obra de revitalização do Parque Solon de Lucena (Lagoa). Isso porque o líder da oposição Bruno Farias (PPS) denunciou na Câmara de João Pessoa (CMJP), na manhã desta quarta-feira (07), um esquema de tráfico de influência para facilitar a liberação de recursos destinados à execução da obra, que tem mais de 90% custeio pelo Governo Federal.

De acordo com o parlamentar, durante o período de execução da obra, havia parentes do secretário de Infraestrutura de João Pessoa, Cássio Andrade, como funcionário da empresa Compecc, que foi quem realizou a etapa de drenagem e dragagem, em que foram constatadas pela Controladoria Geral da União (CGU) desvio de mais de R$ 6 milhões; funcionária da Gerência de Governo (Gigov) da Caixa Econômica Federal; e servidor da Seinfra.

Os documentos apresentados pela oposição apresentam uma situação no mínimo inusitada, para não dizer suspeita. A esposa do secretário Cássio Andrade, Luciana Maroja,  é servidora do Gigov de João Pessoa, setor da Caixa responsável por fiscalizar obras que possuem recursos liberados pela instituição, como no caso da reforma da Lagoa.

Na Prefeitura de João Pessoa, mais especificamente na Seinfra, secretaria em que Cássio é titular, sua cunhada, Flaviana Maroja Santos, é prestadora de serviços. Já o seu marido, que por conseguinte é concunhado de Cássio, foi funcionário da Compecc até dezembro de 2016 e exercia a função de gestor de obras da empresa. De acordo com a denúncia de Bruno, era Marcos quem levava os boletins de medição na Seinfra, secretaria em que sua esposa e concunhado trabalhavam. Atualmente, ele é prestador de serviços da pasta.

Além disso, a esposa de Cássio, a Luciana, que é lotada no Gigov como Engenheiro Civil Junior, também é sócia de Marcos em uma empresa. “Ela, então, trabalha no setor da Caixa que gerencia os contratos governamentais e autoriza a liberação do pagamento das medições. Ela pode até ter se averbado suspeita no processo da Lagoa, podendo ter se esquivado de assinar qualquer documento, mas tá na cara que ela fez uma forcinha para liberar o dinheiro das medições de uma obra, cujo responsável era o marido e um dos beneficiários, o cunhado e sócio”, afirmou.⁠⁠

Documento com assinatura de Luciana, esposa de Cássio.

Bruno explicou como poderia ter funcionado o esquema. “Cássio era a pessoa que, por parte da PMJP, fiscalizava a obra da Lagoa. O concunhado dele, que hoje é assessor da Seinfra, à época da obra da Lagoa, era funcionário da Compecc, empresa que executava a obra. A esposa de Cássio Andrade trabalha no setor de Gigov da CEF, a instituição que  atestava as medições e por meio da qual se faziam os pagamentos”, pontuou.