‘Aquarela de Cores’ está em exposição até final de setembro na Energisa

Há quatro anos, Adriano Dias despertava de um estado de coma com uma ideia fixa na cabeça. “Pintar, pintar e pintar”, revela o artista, que sofreu um broncoespasmo que o levou direto ao leito de um hospital. “Eu acordei perturbado quando me dei conta de que eu não tinha nenhum quadro pendurado na parede”, recorda. “Minha meta se tornou produzir e levar o meu trabalho para o mundo.” Parte das telas produzidas nesta nova fase de sua carreira estão reunidas em Aquarela de Cores, individual que ele abre hoje em João Pessoa. A exposição que integra o projeto ‘Arte na Empresa’, do Hall de Exposição Energisa (no quilômetro 35 da BR-230, no bairro do Cristo), fica em cartaz até o próximo dia 29 na capital.

Os 12 trabalhos em acrílica sobre tela (o título é metafórico, já que não há ‘aquarelas’ na mostra) celebram um bom momento que começou em 2012, com a participação no 28º Salão Nacional de Artes Plásticas de Embu das Artes (em São Paulo, a 23 quilômetros da capital). De lá pra cá, o artista foi reconhecido também com o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Sesc (atualmente em cartaz em Campina Grande) e como único brasileiro selecionado para uma coletiva que ocorre este mês no Museu Internacional de Arte Naïf de Magog (em Quebec, no Canadá).

“Eu fui tomando gosto em ocupar os espaços”, brinca Adriano Dias, que atualmente pisou um pouco no freio de sua produção frenética para se dedicar a um sonho: a instalação do seu ateliê em Guarabira (no agreste, a 98 quilômetros de João Pessoa). Foi Guarabira a cidade onde nasceu e onde começou a pintar, influenciado pelo também naïf Alexandre Filho. “O Alexandre provocou um choque em minha arte, que era influenciada pelo clássico e por artistas como Michelangelo”, explica o discípulo, que frequentou o ateliê do mestre no início dos anos 1980. “Com a sua cor e formas simples, Alexandre me abriu a possibilidade real de viver com a arte.”

As cores e formas herdadas de Alexandre Filho são evocadas em uma estética fortemente calcada em temas populares como as festas sagradas e profanas que ocorrem no interior do Brasil. Segundo Adriano Dias, estes são os principais elementos que caracterizam a arte naïf brasileira entre a praticada no restante do mundo.

“Nossas cores são muito mais vivas que a dos artistas de outros países”, ele reflete. “Os espanhóis chegam muito perto desta paleta forte que a gente tem, alegre, tropical”. Além destas características, Dias destaca em contemporâneos como Clóvis Jr. e Luiz Tananduba o esforço em aplicar a linguagem contemporânea na secularidade do naïf. “Estamos ganhando mais espaço e dando outras conotações ao naïf, trabalhando as formas com perspectivas.”

No contexto regional, Adriano Dias espera que tal espaço conquistado pelos artistas não fique circunscrito apenas às metrópoles e consiga se ampliar para locais como a sua terra natal, que ele considera atualmente um polo turístico e uma nova porta para o crescente mercado de arte na Paraíba. “Guarabira e Bananeiras estão recebendo um fluxo turístico consumidor de arte com o qual precisamos dialogar.”

Colaboração Jornal da Paraíba