Cartaxo sai em defesa de Manoel Jr, após vice-prefeito ser citado no “quadrilhão do PMDB”

O vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Junior (PMDB), não teve um dia só de intempéries com a divulgação de uma lista em que seu nome consta como um dos que seriam investigados pelo crime de organização criminosa. Em entrevista a uma rádio local, o prefeito Luciano Cartaxo teceu elogios ao seu vice e disse que ele “está fazendo o melhor possível pela cidade”.

“Manoel Junior tem me ajudado a governar João Pessoa. Ontem mesmo ele foi a Brasília atrás de recursos e liberar empenhos para emenda de bancada que visa trazer mais investimentos para a cidade”, disse.

Na lista

Paraíba. Este é o apelido do vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Junior (PMDB), na lista de apelidos que circula nas redes sociais e teria sido repassada por Lúcio Funaro, delator e considerado operador do PMDB da Câmara.

Saiba como o vice-prefeito de JP era chamado na lista do "quadrilhão" do PMDB

Manoel Junior teve seu nome citado no inquérito que tem o nome “PMDB da Câmara”, que investiga os ex-deputados do partido pelo crime de organização criminosa.

A Polícia Federal concluiu e enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito, nesta segunda-feira (11). No grupo dos deputados e ex-deputados do partido estão inclusos  o presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

A PF atribui ao grupo as práticas dos delitos de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, entre outros. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo o relatório da PF afirma que o presidente recebeu 31,5 milhões de reais em propina a partir da suposta atividade criminosa do grupo.

No relatório, relativo ao inquérito 4327, os investigadores incluem ainda os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os três presos. O documento já foi enviado ao Ministério Público Federal e deve ser um dos elementos que subsidiarão nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer, a ser apresentada até sexta-feira – no próximo dia 17, ele deixa o cargo, que passará a ser ocupado por Raquel Dodge.

“Integrantes da cúpula do partido supostamente mantinham estrutura organizacional com o objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta”, disse a PF em nota, que acrescenta que “o grupo agia através de infrações penais, tais como: corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação, evasão de divisas, entre outros crimes cujas penas máximas são superiores a 4 anos”.

Considerado operador de propinas do PMDB, Lúcio Funaro também foi citado no relatório. Ele fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, homologado na semana passada pelo relator da Operação Lava Jatono STF, ministro Edson Fachin. Em seus depoimentos, Funaro afirmou que Temer não apenas sabia dos esquemas de corrupção do partido como participou deles, recebendo propinas ou intermediando dinheiro ilícito a campanhas de aliados. As revelações do doleiro também devem ser usadas por Janot na denúncia contra o presidente.

Conforme o Estado de S. Paulo, os 31,5 milhões de reais supostamente recebidos pelo peemedebista teriam se dividido entre os 500.000 reais entregues ao ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures por um executivo da JBS, os 10 milhões de reais que a Odebrecht teria pago a campanhas do PMDB a pedido de Temer, 20 milhões de reais referentes ao contrato PAC SMS da diretoria Internacional da Petrobras, feudo do partido na estatal, e 1 milhão de reais que teria sido entregue ao coronal aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, amigo de longa data de Michel Temer.

O relatório ainda cita, de acordo com o jornal, o repasse de 5,4 milhões de reais à campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012, que teria sido pedido por Temer, e doações oficiais e de caixa dois à campanha de Paulo Skaf ao governo paulista em 2014. Os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima atuariam, de acordo com a PF, como “longa manus” do presidente na arrecadação de recursos ilícitos junto a grandes empresas.

Também são citados no relatório os deputados federais André Moura (PSC-SE), líder do governo Temer no Congresso, Aníbal Gomes (PMDB-CE), Altineu Cortes (PMDB-RJ), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), e os ex-deputados Manoel Junior (PMDB-PB), Solange Almeida (PMDB-RJ) e Nelson Bournier (PMDB-RJ). Com informações da Veja.com